Optimus Discos

Para quem gosta de conhecer novas bandas e novas sonoridades, aqui vos deixo um projecto bastante interessante... o Optimus Discos!
E, o que é o Optimus Discos?
Uma espécie de editora nacional, que resolveu apostar na música portuguesa, e lançar (ou, em alguns casos, relançar) bandas pequenas, que, de outra forma, talvez não conseguissem editar álbuns.
Gerido pelo Henrique Amaro (responsável pela rubrica da Antena 3, Portugália), pretende dar a conhecer o que se vai fazendo por este país fora... para isso, disponibilizam EP's de várias bandas/projectos musicais, através do site www.optimusdiscos.com, para Download GRATUÍTO!
O projecto conta já com 15 lançamentos, e mais estarão para vir...

Deixo-vos aqui uma amostra de uma das 15 bandas que já viram um EP lançado por este projecto... os "Tiguana Bibles", que já tive oportunidade de ver ao vivo (e vale muito a pena), que são uma banda com muito Rock n' Roll para dar (aquele dos anos 50 e 60), de Coimbra, composta pelos meus amigos Victor Torpedo (guitarrista dos londrinos "Blood Safari", ex-"Tédio Boys" e ex-"Parkinsons", também uma banda de Londres) e Kaló (baterista e vocalista dos "Bunnyranch" e ex-"Tédio Boys") e ainda por Pedro Serra (contrabaixo), Tracy Vandal (vocalista, que fez parte da anterior banda do líder dos "Franz Ferdinand", os "Karelia") e com a participação especial de Boz Boorer (colaborador e músico de Morrissey).

"CHILD OF THE MOON" - Tiguana Bibles
O que acontece quando as peças desgovernadas de várias – e oleadas – locomotivas rock como Bunnyranch, Tédio Boys e Parkinsons chocam de frente com uma voz de veludo como a de Tracy Vandal? A resposta é simples, mas nem por isso menos surpreendente: nasce, à mesa de «uma espelunca» regada a cerveja, um grupo chamado Tiguana Bibles, que agora se estreia com um EP de canções que parecem existir desde sempre, ou pelo menos desde que Nancy Sinatra, Jane Birkin e demais deusas do desfrute tornaram aceitável – e desejável! – que a luxúria e demais pecadilhos encarnassem em voz de mulher. Em tempos companheira de Alex Kapranos, agora líder dos Franz Ferdinand, na defunta banda Karelia, Tracy Vandal é a «voz açucarada» a que Victor Torpedo (guitarra), Carlos «Kaló» Mendes (bateria) e Pedro Serra (contrabaixo) se referem quando recordam o «parto» dos Tiguana Bibles.
Desde os primeiros ensaios ao final das gravações, os quatro músicos, que no mapa-mundo se assinalam entre Coimbra e Londres, encontraram «o som mais fixe» que já haviam criado juntos. Tendo em conta que todos os cavalheiros são, por direito próprio, membros da fervilhante e histórica cena de Coimbra, tendo partilhado palco e estúdio amiúde, esta era a conclusão mais encorajadora a que podiam ter chegado. Os Tiguana Bibles, insistem estas figuras de proa do rock português, não são um super-grupo mas antes uma simples reunião de velhos amigos. Das inspiradas, dizemos nós: poucos serão os convívios a descambar em canções imperdíveis como «Lost Words» (lânguido hino de libertação amorosa, também disponível em versão mais viçosa, na «reprise» que encerra o disco) ou «Child of the Moon», um delicioso rockabilly de trato fácil. Produzido por Boz Boorer, colaborador e músico de Morrissey que, já em estúdio, não resistiu a tocar também ele vários instrumentos, a estreia dos Tiguana Bibles conquista pela forma como combina romantismo negro e quebrado, passo firme e imaginário nítido – o nome da banda é uma adaptação «réptil» das «tijuana bibles», pequenos livros ilustrados e clandestinos, muito populares nos Estados Unidos durante a Grande Depressão. Ao invés da sátira politicamente incorrecta, porém, os Tiguana Bibles preferem pintar quadros de harmonia e integração (entre a América do Norte e a sua congénere latina, como na «reprise» de «Lost Words», ou entre a doçura das melodias e alguma perversidade das letras), num som polido que, por cá, encontra vizinhos possíveis nos discos de Sean Riley and the Slowriders ou Unplayable Sofa Guitar. Por esta altura, poderá estar a perguntar-se onde ficou toda a raiva rock que transborda das margens do Mondego e tingiu de vermelho vivo as bandas em que três quartos dos Tiguana Bibles militavam, ou ainda militam, ardentemente. Essa raiva, fique sabendo, está domesticada e devidamente acondicionada na forma de canções portáteis, cheias de alma e prontas a serem guardadas no bolso do coração. Breve mas intenso, o EP Child of the Moon é um shot do seu sabor favorito, que pede para ser tragado de uma só vez num saloon – ou leitor de música – perto de si. Com estas cinco delicadas canções, da lavra do furacão de palco Victor Torpedo, os Tiguana Bibles tornam-se num segredo que merece ser contado a toda a gente.

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